Sobre o circuito de Portimão - Por Paulo Alexandre Teixeira

 Passaram-se 24 anos desde a última vez que a Formula 1 esteve nestas paragens, e quando Jacques Villeneuve vencia no autódromo do Estoril, havia pilotos do atual pelotão que eram bebés ou sequer eram vivos nesse dia. Um exemplo disso é Esteban Ocon, que tinha nascido cinco dias antes...

Mas a história que vos conto para aqui, para a Emanuelle, é de como nasceu este circuito tão desafiante. É tudo a história do sonho de uma pessoa chamada Paulo Pinheiro, que andou mais de uma década em juntar o dinheiro necessário para fazer a pista, o complexo envolvente, e o hotel de cinco estrelas, bem como o complexo de apartamentos de luxo que existe à volta daquele local, situado nos arredores da cidade de Portimão.

O sonho começou em 1997, mas demorou até 2007 para que começasse a ser construído, para estar tudo pronto em novembro de 2008. A ideia era ter tudo: Formula 1, MotoGP, Superbikes, Endurance e tudo o mais. Contudo, mal o asfalto secou e a pintura deixou de estar fresca, o mundo levou em cheio com a crise mundial provocada pela falência da corretora Lehman Brothers. Um dos danos colaterais foi na banca irlandesa, e foi precisamente com o dinheiro dos bancos irlandeses que ele conseguiu o financiamento do Autódromo Internacional do Algarve, e eles focaram aflitos. Algumas partes do complexo demoraram uma década para serem concluídas porque foi nessa altura em que as contas foram acertadas. E quando isso aconteceu, a pista se tornou atraente para os diversos testes de diversas marcas de automóveis, que aproveitam o sol do sul europeu.

Com o tempo, programas de televisão iam para lá de propósito para gravar testes com super-carros. Quer o Top Gear, quer o The Grand Tour fizeram episódios inteiros nesse local, e entrava na visão dos espectadores e "petrolheads" um pouco nos quatro cantos da Terra, e provas de Endurance e Superbikes lá corriam, aproveitando os mais de 90 mil espectadores que as bancadas conseguiam levar. 

Mas claro, as duas grandes realizações escapavam: Formula 1 e MotoGP. Mais do que falta de financiamento, era também a sua localização algo periférica que fazia evitar os pilotos andarem por lá, até aparecer uma pandemia e baralhar tudo de novo. Com os calendários ansiosos por encherem com pistas onde fosse seguro correr sem apanhar a doença, Portugal colocou-se desde logo na frente dos que poderiam acolher um Grande Prémio. E foi assim que aconteceu: um maio, com pompa, e no próprio autódromo, a Formula 1 estava de volta, a 25 de outubro. Curiosamente, o regresso acontecia 24 anos depois da última vez, e foi esse o tempo que durou... entre a última corrida no circuito da Boavista, em 1960, com a primeira no Estoril, em 1984, e que decidiu o campeonato do mundo de Formula 1 desse ano. 

Agora, os pilotos irão ver uma pista que é absolutamente ondulada, ao ponto de haver curvas cegas. Mas para alguns pilotos, esta pista não é virgem. No inicio de 2009, a Formula 1 fez testes coletivos à chuva, e Lewis Hamilton foi um dos pilotos que experimentaram a pista. Logo, ele poderá ter alguma vantagem face à concorrência... não se admirem, caso apareça no topo da tabela de tempos.

***

Gostaram? Pois pedi para o Paulo fazer esse texto para mim para que vocês e eu pudéssemos conhecer melhor Portimão antes do fim de semana por lá. E mais uma vez, um texto fantástico: Obrigada Paulo! Quem sabe, não temos uma resenha sua na segunda feira, também?

Eu estou entusiasmada para ver os carros na pista, pela primeira vez no ano. Ainda que a novidade de resultados seja algo remoto, vai ser muito bacana "experimentar" (como espectadora) esse circuito de terras portuguesas! Talvez seja só agora que a temporada da F1 nesse fatídico 2020 me cause alguma alegria.

Até e bom fim de semana à todos!

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