Novelinha da F1 - Capítulo 16: GP da Rússia
Bom dia, meu povo! Espero que quando acessarem esse humilde blog, estejam todos bem.
Mais uma etapa da F1 se concluiu ontem, e mais uma vez trago um texto sobre o GP de participantes. Dessa vez, houve uma mudança de ordem nas participações. Quem eu havia convidado precisou de um tempo por motivos pessoais - por isso, deixo aqui meu recado: força! No que precisar, estamos aqui!!
Diante disso, no domingo mesmo, adiantei o convite ao Paulo, amigo virtual e redator do Continental Circus - blog dedicado à automobilismo que recomendo a leitura para quem ainda não conhece.
Ele aceitou rapidamente e aqui publico, na íntegra, a "tradução" do que foi o GP da Rússia, de uma forma que eu - confusa como estou - não poderia ter feito melhor.
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UM PRIMEIRO PILOTO NUNCA SERÁ SEGUNDO - por Paulo Alexandre Teixeira
Não deveria ser eu a escrever sobre Sochi, mas calhou. Era para andar nestas bandas em Suzuka, uma pista que admiro e respeito, e do qual tenho histórias pessoais para contar. Mas como o interlocutor inicial não pode estar presente e ela me pediu para antecipar, cá estou, com todo o prazer.
Tenho idade para ter barbas brancas - as minhas são negras, por agora - mas sou do tempo em que ia pilotos serem queimados ainda vivos. Chassis de alumínio, motores potentes e que quebravam sempre que exageravam nas rotações. Tenho saudades desse tempo? Não. Sou raíz, mas acho que estes tempos são melhores.
Dito isto, vamos ao que interessa: o circuito de Sochi existe porque as autoridades russas gastaram imenso dinheiro para receber os Jogos Olímpicos e querem que as infraestruturas sejam usadas para além desse evento. E ter o GP russo foi uma das estratégias. Gastam 25 ou 30 milhões de dólares, pediram ao Hermann Tilke para desenhar a pista e pronto: tudo funciona. Mas o preço a pagar é que o GP russo é dos mais inúteis do calendário. Quase ninguém gosta dela. E ainda por cima, ganham sempre os mesmos.
E este ano, as coisas foram diferentes. Não pelo vencedor - Lewis Hamilton, num 1-2 da Mercedes - não pela corrida - que foi entediante, apesar das duas aparições do Safety Car - mas por um momento que aconteceu na partida, onde o poleman, Charles Leclerc, deixou passar Sebastian Vettel, e depois se falou de deslealdade. E como sabemos disso? Pelas suas constantes comunicações para as boxes, queixando-se de que tinha faltado ao compromisso.
Leclerc queria que Vettel cedesse o posto ainda na primeira volta, ou nas primeiras voltas. Ora, nessa altura, o alemão era o mais veloz na pista, com ar limpo e a bater as voltas mais rápidas, com pneus moles, que iriam durar menos tempos que os médios, calçados pelos Mercedes, e do qual iriam resistir mais tempo, logo, favoráveis aos Flechas de Prata. Se calhar, se tivesse sido mais claro, poderia haver motivo que queixa, mas a troca aconteceu depois da paragem nas boxes, tal qual como em Singapura... e lá, nem houve tanta tinta.
Mas não foi por causa da combinação que a Ferrari perdeu. Ironicamente, foi porque Vettel desistiu e causou a segunda entrada do Safety Car. Os Mercedes tinham os moles calçados e o monegasco tinha os médios, que depois trocou para os moles, ficando atrás de Valtteri Bottas, do qual, depois do Safety Car ter sido recolhido, andou atrás, sem o conseguir passar e assistindo Hamilton a distanciar-se, rumo à vitória.
Muitos podem dizer cobras e lagartos de Vettel, que não cumpre ordens de equipa, de ser desleal. Na realidade, desejavam que Vettel fosse Bottas, um empregado do mês, e não é. E imaginemos que Vettel cumpriria a ordem, cedesse o lugar e depois desistisse na mesma, com os Mercedes a vencerem com dobradinha. Que culpados iriam arranjar? O Mattia Binotto? O que os fãs querem secretamente é humilhar o Vettel.
E Charles Leclerc, que tem todo o potencial para ser campeão do mundo, tem também o potencial de ser um sacana na pista, como era Michael Schumacher. Razão tem Lewis Hamilton quando disse, depois de Monza, que agora sabia o tipo de piloto que ele é. Pode ser monegasco, mas é impiedoso. Quer vencer e vai pisar toda a gente para lá chegar. Não tem estofo segundo piloto, não é empregado do mês, e odeia ter um piloto igual a ele. Aproveitou muito bem enquanto Vettel esteve em baixo, só que agora, o alemão recuperou dos seus maus dias, e ele sente-se incomodado, porque pensava que tinha um estatuto garantido. E agora, a Ferrari sabe têm dois primeiros pilotos, como teve a McLaren em 1988-89, a Ferrari em 1990, e de novo, a McLaren em 2007. E de todas essas vezes, as coisas acabaram mal, com a equipa a explodir e os outros a aproveitarem. Agora sabemos disso.
Mas independentemente disso tudo, a Mercedes ganhou, com sobras. E agora tem de escolher o palco a sua consagração. Dão o seu melhor para que seja em Austin, ou ficarão seduzidos pelo ambiente de Interlagos? A escolha é deles.
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O texto do Paulo foi categórico. Se irei fazer algum comentário sobre o GP da Rússia ao longo da semana, deverá ter esta postagem como fio condutor, embora (como mencionei, foi contundente) não tenha muito o que acrescentar. Estou decantando ideias e absorvendo opiniões, especialmente depois do (pequeno) caos que foi algumas leituras no Twitter, ontem.
No mais, para o GP do Japão, teremos uma participação de uma jornalista formada e amiga que, ontem, dividimos uma tarde de troca de mensagens muito agradável e acabei fazendo-lhe o convite para o evento que nos coloca atentos à TV durante a madrugada.
Obrigada Paulo pela dedicação e atenção por aceitar o convite às pressas e por ter me passado um texto da qual me identifiquei totalmente. Simplesmente espetacular!
Fico por aqui, desejando a todos uma semana produtiva, agradável e deixando os comentários ao dispor de vocês!
Abraços afáveis!
Comentários
Enfim, achei bem feito o destino ter feito o carro do Vettel quebrar e entregar a vitória de bandeja p Mercedes. A Ferrari, com suas estratégias mirabolantes e vergonhosas, não merecia essa vitória. Perderam, bem-feito.
Carlos: sim, concordo com vc. Aproveito o comentário para contar uma sensação. Quando Leclerc venceu em Monza, eu fiquei feliz, pois torço pelo sucesso do menino, sem dúvidas. Mas, no quando fui assistir o pódio pelo site do Globo Esporte, e naquelas entrevistas, o Galvão soltou aquela de que 'teria visto o Senna' quando Leclerc foi passando para ir ao pódio eu cheguei a sentir um frio na espinha. Não achei certo por duas razões - brasileiro é irritante com a mania de comparação com o "Santo" e isso garantiria uma histeria com o monegasco que não seria saudável. Está aí já dando sinais do quanto isso passa a ser complicado, especialmente na hora de formarem as muitas opiniões a respeito do cara. E o coitado, nem tem como se defender.
Da mesma forma, o Vettel enfrenta uma maré de haters sempre prontos à condená-lo. A sorte deste é que ele não tem rede social e é mais velho sendo capaz de dar de ombros. Mas mesmo assim, pouco dessa crítica negativa que sofre é justificável.
Carol: Foi o fim da picada mesmo a exigência da passagem depois de Vettel estar a 4s do Leclerc. Alguns sites foram menos sensacionalistas e indicaram que Leclerc só queria saber quando o combinado seria posto em prática e queria uma justificativa - que não veio firmemente do pessoal no rádio. Não custava nada dizerem para ele tirar os 4 segundos e se afastar o suficiente do Hamilton. Antes de ir para corrida bastava dizer aos dois que, se algo ficasse estranho, eles fariam o reajuste de posições num pit stop. Não tinha necessidade de todo choro no rádio. A Ferrari está brincando demais com fogo.
Isso inflamou também os raivosos e o pessoal já começou a pedir pela cabeça do Vettel. O que li de xingamentos no Twitter não está no gibi. E tbm, a dizer que ele parou o carro para ferrar com a corrida da Ferrari e do Leclerc de propósito foi uma das coisas mais ridículas que li nesses últimos anos. Já começaram a fazer dele um cara mau e cínico. Não sei para quê isso...
Abraços a todos!!!
Quanto ao resto, só acrescentar uma coisa: esta terça-feira, a Ferrari colocou uma foto do Vettel a falar com os engenheiros acerca do que se pode fazer em Suzuka em termos de setup e outros. Não vi o Leclerc nem perto... se quer ser primeiro piloto, já está a perder.
Eu vi essa foto, ontem a tarde e não costuma ser do costume da equipe postar essas coisas. Já Leclerc desapareceu das redes, desde domingo. Se ele realmente não aparecer envolvido à isso, estará perdendo espaço mesmo. Algo acontece e espero não ser nada drástico. Nenhum deles, merece qualquer tipo de tratamento negativo.
Abraço!