GP do Barein: Um misto quente com um toque de covardia

É chegada a hora de fazer um lanche na franquia de sanduíche. A escolha para o Barein é misto quente. Bem quente. 
- Com recheio de quê, moça?, perguntaria a garçonete
- Com bastante coisa, três tipos de queijo... Ah, e um toque de covardia.
Sim, de cabo a rabo, o GP do Barein nos deu um gostinho, um toque ora exagerado, ora não, de covardia. Vai ver é que não misturaram direito os ingredientes.

A começar pela pole. A covardia começou com um ato de esperança de vermos, já na terceira corrida, o companheiro de Hamilton lhe dando incômodo. A corrida seria na Páscoa, e tudo que Bottas precisava era largar bem - o que a primeira posição já o favorecia - e manter-se ali, afastado o máximo que pudesse, deixando ao Hamilton que "botasse o ovo da Páscoa". 
Isso até que deu certo, nas primeiras voltas, Bottas largou o suficientemente bem para, novamente escancarar a lentidão que Hamilton é nas largadas. A desculpa é que o lado par das fileiras são sujas e cheias de areia. 
Vettel deve ter lido meu post passado indicando que Hamilton larga muito lento. Sagaz, Vettel saltou rapidamente para a segunda posição, deixando o inglês no aperto, em terceiro e com duas Red Bulls bem aceleradas atrás dele.

A covardia mor sempre é da transmissão: com os olhos voltados para o carro de Felipe Massa, a tônica foi o "bom trabalho" na largada do brasileiro. Ora, não é de se ver que, Kimi, largando em quinto, do lado "limpo" da pista, não perdeu lugar para as Red Bulls e para a Williams do Massa? Engraçado é que, com pneus aquecidos, logo, depois de historietas sobre a amizade dos filhos dos dois ex companheiros, sobre o "tirar o pé" em 2007 e depois "ajudar" em 2008, mais ainda a indicação de que o finlandês não fala "bom dia" para ninguém, Kimi já havia passado Massa com um certo requinte de... facilidade. 
Daí esqueceram, um pouco, o Massa, até o começo das paradas do pit stop. Aquela fala sobre Verstappen e Massa ... Sério que ouvi aquele comentário? Esse trio global são mesmo uns idiotas registrados em cartório. 



A covardia voltou a acentuar o gosto no misto quente justamente com esse personagem: Verstappen abandonou a corrida com problemas nos freios, logo depois de fazer a primeira parada. O cara que poderia fervilhar as posições 1, 2 e 3, de forma talvez até arrebatadora, ficou de fora. 
Disso, Bottas e Hamilton fizeram a parada dupla. Para esperar tempo suficiente da parada de um, o outro decide segurar a sua segunda ameaça na corrida: Hamilton - covardemente - segurou no pit lane a não ultrapassagem de Ricciardo. Investigação mais que justa, rolando neste espaço.
Nessas horas, tudo ok, tudo legal, até que Sainz decide se enroscar com Stroll. Acidente então era certo. Pedaços de carro na pista e safety car não virtual. Juntando todo mundo, Vettel liderando, Bottas em seguida, Ricciardo, Hamilton e por fim, Kimi, como os cinco primeiros. 

A relargada mostrou afinco do Bottas, o cara queria vencer, queria ficar a frente do companheiro, indo para cima de Vettel que segurou-se no capricho. Hamilton não precisou de muito, Ricciardo tinha problema de comunicação com os pneus, talvez ainda não favoravelmente aquecidos. Até Kimi avançou nele, logo em seguida.
A covardia se deu, mais uma vez e nessa foi bem amargo, tanto, que pedimos mais refrigerante para poder empurrar aquela mastigada: a direção da prova entendeu perfeitamente que a segurada do Hamilton contra o Ricciardo cabia punição. Como a Mercedes blinda muito bem seu pilotinho de requinte (para não usar outro termo chulo), logo ele estava favorável a atacar Bottas. O mesmo deveria ter pisado fundo e feito o que fez nas primeiras 10 voltas: segurado todo mundo atrás dele. Ele tinha capacidade e visível potência para isso. Mas, esteve lá, uma abertura tão grande que Hamilton veio em segundo, sem esforço, tirando mais uma posição decente ao Bottas, que amargaria o terceiro lugar, depois de uma pole. 

É isso que quebra nossa satisfação. No passado, crucificamos Rubinho por ser subserviente à um Schumacher. Mais tarde, na mesma Ferrari - que tem muitos defeitos, mas pelo menos, escancara as suas maracutaias - crucificamos um Alonso em detrimento do mesmo jogo que Schumacher fez, só que dessa vez, santificamos um tal de Felipe Massa.
Não procurem lógica nisso, pois simplesmente não existe. Tanto que não existe que ninguém da grande mídia irá ter a coragem de fazer o mesmo que foi feito com Alonso depois do "faster than you", com o Hamilton. Por quê? Porque a Ferrari errou em deixar claro o jogo de equipe das duas outras vezes. A Mercedes faz o jogo e tem gente que aplaude como se fosse espetáculo do Circo de Soleil. Mas é covardia. Muita covardia. Bottas nem sequer teve tempo de defender ou mesmo cogitar a possibilidade de segurar ele um pouco mais.




A covardia também se deu no jogo da Ferrari, mas desta vez em tom justificável. Depois das segundas paradas, Vettel passou aniquilando Kimi que decidiu retomar as reclamações ferozes via rádio. Reclamou de algo e a equipe retornou com "o que você está sentindo?"... "Raiva?", seria a resposta épica. Se houve reunião, não houve ameaças, pois ele continua peitando a equipe. Vettel passou o companheiro e apesar de não ter sido fácil, Kimi não segurou por um motivo simples: ele sabia que não tinha chances de refrear as Mercedes, portanto, Vettel era o único que podia. Com o jogo da Mercedes, a Ferrari teve que colocar mais condições para Vettel ficar na frente e "correr" literalmente, pois o plano da Mercedes era jogar Hamilton no ataque, tanto que tardavam o máximo a parada e seus 5 segundos de stop and go. Então Marchione, Kimi sabe o lugar dele na equipe, não precisa de reunião - isso é coisa de moleque. #FicaaDica

Quando Kimi decidiu rebelar-se ao vivo pela segunda vez, ele indicou novamente problemas nos pneus, e implorou para parar logo como todos estavam fazendo. A equipe foi filmada do jeito que eles tratam o problema: todos olhando para as telas dos computadores e de braços cruzados. Claro que o rádio era gravado, mas a colagem da fala do piloto com a imagem da equipe com olhar e posturas displicentes, indica como é que a banda toca ali dentro. Ela toca para o Vettel e ele tinha de vencer e garantir logo essa liderança.



Sabiamente, a covardia não se deu no final: Hamilton tentou tirar proveito de voltas rápidas, mas, parou, ficou balançando a cabeça negativamente durante 5 segundos e saiu, ainda em segundo. Pois é querido, ficar negativando com a cabeça não muda: regra é regra, lide com isso!
Faltavam mais do que 10 voltas e Hamilton tentaria atacar Vettel, mas por uma boa justiça não deu.
A covardia decidiu cair no colo de outro, não mais do Bottas ou do Kimi, ou Verstappen, mas no colo do Alonso. O coitado abandonou de novo, faltando duas voltas para o fim e por falta  - de novo! -de potência. Vexatório, Honda. Vexatório.

É uma covardia que Barein seja ao anoitecer, ainda que mais fresco. As luzes deixam os carros mais bonitos, mais brilhosos. Até uma Force India fica menos Hello Kitty e a Renault menos Banana e mais tubo de mostarda. Até os troféus são mais bonitos e estilosos. E finalmente, apesar das complicações, ao menos, a liderança ficou mais legal agora. 

Limpamos a boca e ficamos satisfeitos, terminando o refrigerante. Na próxima a gente pede para evitarem de colocar o toque de covardia. 

Abraços afáveis!

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