GP Da Rússia: estréia bem chata

Amanheceu o dia aqui, e lá na Rússia, os pilotos da F1 se preparavam para mais uma corrida pela tarde. A grande maioria - ou todos, pelo menos em tese - estavam lá para correr pelo colega, Jules Bianchi, hospitalizado em caso grave, completando uma semana, ontem, devido um forte acidente no GP do Japão.

Sochi recebia o circo da F1, mas sem nenhuma boa expectativa de muitos sorrisos e festa. Dinheiro envolvido, então nada de cogitarem o cancelamento. (Se não cancelaram quando as situações eram adversas, agora então...) Com a nuvem do perigo - que está sempre presente, a gente é que esquece que ainda está lá - de todo esporte a motor, nem eu, nem (alguns, digo, porque outros só falam em morte mesmo) fãs, muito menos os colegas de profissão tirariam Bianchi da cabeça.

Assim, por lá, num clima não muito bom, os mecânicos da Marussia prestaram seu respeito deixando o carro dele montado nos boxes, uma placa indicando a torcida por sua recuperação, e correram apenas com o Chilton. E todos os pilotos fizeram uma belíssima homenagem, reunidos em frente a frase pintada no asfalto: "Jules, we are all supporting you" e depois do hino, em volta de pertences de Jules, fizeram uma oração. 

'We are all supporting you'. Sim, de fato estamos, eles e nós. E assim vamos continuar. 

A corrida na Rússia foi então, excluindo a parte trágica, bem chata. Mais um motivo para não ter clima bom.

Na largada, até pareceu que ia ter uma ou outra disputa de posições, Rosberg até tentou partir para cima de Hamilton, mas perdeu o traçado, teve que trocar os pneus e foi parar no fim do grid. Como qualquer tilkódromo, largou na frente, pronto, pouca coisa vai mudar. Assim foi a vida de Hamilton, tranquilaaaa... Que agora não tem mais nada, nadinha do que reclamar. Subitamente, tudo está uma maravilha! Engraçado, não?!

Devo dizer que a melhor corrida, mais bem feita foi a do Rosberg. Tentou, não deu muito certo, caiu para último, e voltou a ser segundo rapidamente. Constância. Apenas.

A corrida foi ainda mais chata porque Hamilton não teve dificuldades, Rosberg até enfrentou alguma, mas como é constante, soube recuperar-se do prejuízo e Bottas, manteve seu foco do treino classificatório e da largada. 

Algo mais chato? "Marciana" Becker assassinando pessoas, pois nos primeiros termos dela, ela deixou a entender que Bianchi tinha partido (tanto que minha mãe me perguntou rapidamente se eu sabia de algo). Depois ficou falando que era caso grave e tentou melhorar o clima... Ei, esse tipo de comentário me deixa muito nervosa! Se fosse brasileiro não seria assim, displicentemente tratado.

Fora as informações mega úteis que todos já sabem; ou não faz o menor sentido saber; ou ainda dizer que Alonso andou chorando. Bom, de certa forma, ele até pode, mas não na frente de jornalistas. E, vem cá, e daí? Afirmo: inútil.

E a transmissão tosca novamente? Massa não ia disputar o pódio? Fizeram contas como se ele não tivesse de parar novamente. Eu sempre achei que tinha, mesmo que a tentativa fosse ir até o final. Até Rosberg achei que iria. Não foi um erro a parada. Mas torceram, vibraram e bem: uma pedra no caminho chamado Pérez, surgiu. Pelo segunda vez no ano, curti o mexicano, rsrsrs... Pensam que isso acabou com o clima de vez? Nada. Lamentaram muito, mas fizeram a cabeça do pessoal telespectador que tinha a chance, mas não deu... Ah,,, Hum-hum, sei. Ai veio o papo manjado do "ele teve muita má sorte..." ¬¬'

No fim das contas, a Mercedes conquistou o campeonato de construtores oficialmente neste chato GP e caminha para o primeiro piloto vencedor também, no caso, Lewis Hamilton. O investimento mais caro, está dando os lucros esperados.

Esse ano, a temporada conseguiu ser a pior dos últimos anos. A pior inclusive que a de 2009, ou as quatro vitórias seguidas e hegemônicas de Vettel. Sim. Eu não achei essas ruins, mas 2014 ganhou nada mais do que o meu desgosto...

Primeiro, o banho de água fria na não-disputa entre os dois melhores pilotos do grid, o master dream-team que a Ferrari montou para esse ano. Alonso tirou leite de pedra esse ano, com dois míseros pódios, nenhuma vitória. Não à toa, está de saída. Kimi então... ¬¬' Melhor nem comentar. Foi devidamente um Ice bucket challenge interminável, e sem a causa nobre.

Segundo, essa falsa disputa da Mercedes. Nos outros anos, tínhamos uma disputa pelos segundo lugares acirrada pelo menos, quando o primeiro já estava definido. Dessa vez, sobriamente, uma disputa mais que interna e clubista, entre dois pelo primeiro lugar. Parece bom? Ok... A constância, a inteligência e a calma (inclusive no trato com a mídia), foi jogada no lixo por um choramingo chato e mimado. Assim, o investimento caro, vai chegando a mão no caneco.  ¬¬'

Corridas chatas, monótonas, poucas mudanças, poucas surpresas empolgantes...

Dessa temporada de 2014, pouco nomeio como lições positivas. Ainda é cedo, mas não acho que sairei muito de citar apenas dois nomes nesse antro dos legais: Valtteri Bottas e Daniel Ricciardo sobressaíram bem e são os personagens da alegria do ano. Ah claro, e a boa vontade de ainda ser alguém descente na pista, Nico Rosberg. 

Para completar, essa situação de Jules, de toda vez em que se fala, se corta o coração, mais um pouco... 

O ano em si foi bem penoso. Pra mim, em termos esportivos, apenas a Copa foi legal (e olha que não pelo conjunto, mas pelos resultados do meu time de torcida). Perdemos figuras emblemáticas - partidas bem doloridas, o ano em si foi uma bagunça: carnaval-copa-eleições e logo já estamos nas compras de Natal e pensando que 2015 (seja quem for o eleito à presidência), nosso bolso vai chiar e chiar... E... só posso dizer: Tchau 2014! Pouca saudade vai deixar...

Abraços afáveis!

#ForzaJules