Sobre o campeonato de 2011 na Fórmula 1 antes do desenrolar do GP de Silverstone

Muito se tem comentado a respeito da “monotonia” do campeonato de 2011 na F1. Monotonia entre aspas sim, afinal, alguns consideram chato pelo fato de haver sempre o mesmo vencedor: Sebastian Vettel.   Nada parece abater o garoto e nada parece satisfazer os críticos.


Não satisfeitos, além de acharem no direito de ficar incansavelmente batendo na mesma tecla, os críticos procuram meios dos mais diversos para provarem sua insatisfação quando apenas um vence na categoria.
Ainda não entendi qual o grande problema nesse ponto.
Há também agora, a caminho do nono GP do ano - o de Silverstone – a “nova” sacada da FIA:  a proibição do recurso que faz com que o escape continue expelindo gases enquanto o piloto não estiver acelerando, o que deve diminuir a eficiência aerodinâmica do difusor assoprado, conseqüentemente, a estabilidade dos carros nas entradas de curva.
Essa é a tentativa de retardar a decisão do campeonato, uma vez que ainda faltariam, depois de Silverstone, mais dez provas.
Se vai funcionar efetivamente a partir desse fim de semana, isso 99,9% das pessoas que estão interessadas no campeonato, nem que seja minimamente, ainda duvidam, estão ressabiadas, não dão certeza, ficam apenas no patamar de se sentir confusas, desatam a falar em “achismos”... Tudo é adivinhação.
O costurar daqui e remendar de lá dá a FIA e à F1 um ar de um tanto de falta de organização para quem já não está acostumado aos mandos e desmandos da categoria. Não se estabelecem num só regulamento, padrão para o ano todo. Jogam, mais do que qualquer esporte, com as tentativas como testes de laboratório.
Manipulados nós primeiramente porque somos apaixonados por automobilismo, segundo por que sempre queremos saber onde vai dar.
Se tudo é adivinhação, achismo e opinião eu peço licença para as minhas colocações então, estando consciente de que posso estar redondamente enganada, quando formos caminhando para as cenas dos próximos capítulos.
Primeiro, a mudança de regra, a proibição dos gases eu jogo no campo da adivinhação/achismo. Não creio que vá mudar algo para a equipe Red Bull. Não significativamente para que Sebastian Vettel, por exemplo, perca o favoritismo. Se está proibido para a RBR, está para a McLaren, para a Renault, para a Ferrari... Cada carro vai assumir uma reação diferente a essa proibição, afinal de contas a minha percepção é que são carros com configurações diferentes, portanto, as situações serão diferentes. Um grande diferencial que não se conta é a peça, que mesmo depois de muitas evoluções tecnológicas creio ser chave em todo o processo de campeonato da F1: trata-se daquela pecinha entre o banco e o volante. E quando se trata dessa peça, nunca se sabe ao certo, com segurança, o que esperar dela.
É aí que passo ao campo da opinião. O campeonato está mesmo particularmente chato, porque só se tem pole positions de certo alemão que atende pelo nome de Sebastian Vettel, que tem um dedo indicador gesticulando toda vez o número um de forma incansável, e que incomoda muita gente? Pois para mim, não.
Claro, sem sombra de dúvidas, estaria mentindo que prefiro assim, do que com quatro ou cinco caras disputando até o fim com possibilidades infinitas de ser campeão mundial. Não preciso ir muito longe, mas voltar no campeonato anterior, de 2010, e ver que foi exatamente assim que chegamos à última corrida, com três caras na disputa. E foi um campeonato muito legal.
A meu ver o campeonato não está só sendo proveitoso para os fãs do Sebastian, ou fãs da RBR. Imaginamos então que fosse Fernando Alonso vencendo sempre, sem surpresas, tal e qual. Os tifosi estariam mal cabendo em si. A Espanha estaria em festa como a Bahia em tempo de carnaval. E seus fãs felizes mais que nunca e muito orgulhosos cada vez mais empolgados.  E se fosse Felipe Massa. No lugar da Espanha, o Brasil estaria com seu rosto em todo o jornal, tal qual o Neymar, dividindo afinco, as páginas do caderno de esportes da Folha de São Paulo. Seus fãs fariam pequenas dancinhas de felicidade, só por seu piloto estar superando o bicampeão mundial espanhol e todo o resto e se tornando o novo herói do país.
Se fosse o Schumacher, grande parte estaria dizendo que o rei voltou... Se fosse o Button falariam que ele gostou da idéia e quer repetir o feito de 2009... Se fosse o Hamilton, diriam que ele é um fenômeno genial. Se fosse o Di Resta, boa parte do mundo ia dizer “quem?”, e iriam procurar saber sobre o cara com um remoto atraso só para saber o que acontece com na F1 porque “parece empolgante, tem gente ‘nova’ no pedaço”...
Onde eu quero chegar com isso? Simples: uma vez que se faz o que gosta, e se faz bem, porque gesticular, brigar, fazer beicinho, criticar, se o que Vettel está fazendo, nada mais é do que juntando o útil ao agradável, e fazendo o que toda a F1 devia fazer? E o que pior: está fazendo o que adorarímaos fazer, se fossemos pilotos também. Dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço – só um pode ser o primeiro. É assim que sempre funcionou. Porque não podemos, olhar as vitórias, no caso do Vettel, e dizer “cara, esse cara é bom hein?”
Se eu, você, nós, a F1 e a FIA querem rodízio de pilotos nos pódios é muito simples: Jogamos fora essa idéia de montar carros e investir em tecnologias para nosso dia-a-dia e montamos carros idênticos, exatamente idênticos, mesmo motor, mesma aerodinâmica, mudando apenas a pintura e os patrocinadores de cada equipe. E aí sim, cada corrida será uma emoção diferente. Cada piloto fazendo o que bem entende; ali, só no braço, jogados na pista por sua própria conta e risco.
Se você, não quer isso, talvez seja melhor rever o que pensa sobre a categoria.

*Texto feito dia 03/07

Abraços afáveis!

Comentários

Net Esportes disse…
Resumindo: "essa é a F-1, goste vc ou não" ...

concordo plenamente com seu pensamento, aliás daqui alguns anos vão reverenciar o Vettel ... vão começar a chamar ele de melhor da história se ele continuar ganhando tudo assim. Eu torço para as mudanças não darem efeito, tomara que a Red Bull siga na frente, quando o Schumacher ganhava tudo ninguém reclamava e a FIA não fazia nada para impedir ....
Manu disse…
É exatamente isso! A F1 é assim, quer a gente goste ou não.
Schumi fez e aconteceu, não sei pq chegamos num tempo que ninguém mais pode fazer e acontecer...

Vejamos no que dá né?
Abração!

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